Celebrado hoje, 12 de novembro, o dia do Pantanal foi instituído pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e por lei estadual do MS em homenagem e referência à morte de Francisco Anselmo de Barros, ambientalista que dedicou a vida à defesa da preservação do bioma. Situado na Bacia do Alto Paraguai, o Pantanal se estende, majoritariamente, pelos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e por áreas no Paraguai e Bolívia.
É um complexo de ecossistemas com paisagens compostas por cerrados e cerradões em alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos – e uma região de encontro entre Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia, Chaco e Bosque Seco Chiquitano –, constituindo, assim, uma riquíssima biodiversidade, que abrange milhares de espécies de flora e fauna, muitas delas endêmicas e sob diferentes graus de ameaça.
Como habitat e nicho ecológico de uma ampla e variada gama da fauna e da flora, o Pantanal é responsável por uma série de serviços ecossistêmicos: desde a provisão de alimentos, servindo, inclusive, de berçário para inúmeras espécies de peixes de rios do Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país, até a regulação do fluxo de inundações, e a própria regulação climática. Ante sua inequívoca importância ambiental, o Pantanal foi declarado Patrimônio Nacional, pela Constituição de 1988; Sítio Ramsar, em 1993; e Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, pela UNESCO, em 2000.
Não é difícil, portanto, depreender a magnitude das ameaças enfrentadas por este bioma – que é ao mesmo tempo o menor dos biomas brasileiros e a maior área úmida do planeta – e a extensão de suas consequências ambientais. As imagens dos severos incêndios que o Pantanal enfrentou em 2020 e alcançaram cerca de 30% da área do bioma, não são fáceis de esquecer ainda hoje.
Recentemente divulgado, o Relatório Anual do Desmatamento (RAD), compilado pelo instituto de pesquisas MapBiomas, ilustra a trajetória ascendente do desmatamento. Desde o primeiro ano do levantamento, 2019, até 2022, último ano para o qual há dados completos disponíveis, a área desmatada aumentou a cada período. O mesmo instituto revela que, no primeiro semestre de 2023, o desmatamento no Pantanal do Mato Grosso do Sul (que abriga a maior parte do bioma) quase triplicou em relação ao mesmo período do ano anterior, superando os 25 mil hectares. .
A principal causa das queimadas e derrubadas é a ação antrópica. A ampliação da fronteira agrícola para novas áreas tem suprimido a vegetação nativa em diferentes partes do Brasil e o Pantanal não é exceção. No quadriênio 2019-2022, o Pantanal perdeu 101 mil hectares para o desmatamento, 90% deles no Mato Grosso do Sul. Essas estatísticas mostram os efeitos das diversas ameaças que afetam o Pantanal: secas mais prolongadas, advindas das mudanças climáticas e da crescente degradação do mau uso do solo.
Tão urgente quanto reforçar a capacidade de combate ao fogo das brigadas de incêndio e a capacitação do manejo sustentável do solo entre os produtores econômicos presentes na região, é assumir que a questão ambiental pressupõe uma conectividade de ações e de agentes sociais múltiplos. Às vésperas da COP 28, que tem por objetivo, entre outros, ampliar a inclusão de povos nativos e comunidades tradicionais nos debates acerca da mudança climática, essa conectividade entre diferentes atores na região se revela de especial importância para o futuro do bioma.
Fontes:
https://observatoriopantanal.org/pantanal-brasileiro/
https://www.sospantanal.org.br/conheca-as-4-principais-ameacas-para-o-pantanal/
https://www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/desmatamento-no-pantanal-aumentou-174-no-primeiro-semestre-do-ano
https://oeco.org.br/salada-verde/desmatamento-pantanal-perdeu-quase-uma-cidade-do-rio-de-janeiro-nos-ultimos-quatro-anos/
https://www.sospantanal.org.br/elninonopantanal/
https://alerta.mapbiomas.org/relatorio
https://observatoriopantanal.org/noticias/pantanal-perdeu-mais-de-101-mil-ha-nos-ultimos-anos/