O Rio Grande do Sul, infelizmente, continua na mídia por motivo dos acontecimentos dramáticos originados das enchentes que castigaram o Estado, com início no final de abril deste ano. O começo dessa tragédia e seu desenrolar incluem-se como algo que, à semelhança da erupção de um vulcão ou o aparecimento de um terremoto podem ser registrados na história de momentos trágicos enfrentados por uma população. Registrou-se recentemente o número de 182 mortos, 29 desaparecidos e 3.300 desabrigados. É difícil avaliar a extensão do que isso significa, não somente para o Rio Grande do Sul, porém para todo o nosso país.
Mas, o que é o Rio Grande do Sul que, não faz tempo, cumpria seu papel natural de existir como um dos Estados da Federação marcando a feição do que faz o Brasil parecer e ser o país que é?
A verdade é que aqui se topa a todo o momento com esse Estado, a despeito da longa distância. Na gastronomia brasileira bebe-se com naturalidade o mate, o chimarrão, come-se o charque, como coisa puramente nossa.
Vale notar que uma das palavras mais sugestivas em nosso linguajar para se chamar um menino do povo é “guri” que, salvo equívoco nosso, teve sua ambiência primeiramente na terra do romancista Érico Veríssimo, Elis Regina, o poeta Mário Quintana , entre tantos nomes famosos em nossa cultura.
A posição geográfica do Rio Grande do Sul determinou seu destino na história do Brasil- é o Estado mais ao sul do País- e não é sem consequências que faz divisa com a Argentina e o Uruguai.
Do mesmo modo que no Nordeste a presença do índio e do negro dá aos Estados da região sua feição diferenciada de ser brasileiro, na gastronomia, na linguagem com suas expressões típicas, na entoação da fala, do mesmo modo a paisagem humana no Rio Grande do Sul se vê colorida com a presença marcante do emigrante, o italiano, o alemão e, em maior número, o português, sobretudo os chegados da ilha dos Açores.
A população do Estado chega a 11 milhões de habitantes, sendo o sexto mais populoso do País e sua quarta economia pelo tamanho do Produto Interno Bruto (PIB), alcançando os R$ 581 milhões, conforme indica o IBGE para o ano de 2021.
Merece ainda registro que é o terceiro maior produtor nacional de grãos, inferior apenas à produção de Mato Grosso e Paraná, destacando–se , ainda, pela produção de arroz, soja, milho, mandioca e uva. É desse Estado, ainda, um dos maiores rebanhos bovinos do País e a segunda maior criação de aves.
É impossível falar do Rio Grande do Sul, sem a palavra gaúcho, que sobrepuja os dois gentílicos com que se refere aos nascidos no Estado: sul-rio-grandense e rio- grandense do sul. E não é sem razão que um dos livros primordiais para se conhecer faces do Brasil que passam despercebidas atualmente é a leitura de “Contos Gauchescos”, de João Simões Lopes Neto, considerado pela crítica o maior autor regionalista do Rio Grande do Sul e um dos maiores de nosso país.
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A tragédia com as enchentes no Rio Grande do Sul fez o país inteiro voltar os olhos para este Estado.
O desafio de reconstrução ou conserto de muita coisa arrasada faz lembrar que no homem sempre há alguma coisa a admirar. O povo gaúcho, neste momento, enfrentando os efeitos dessa tragédia que o acometeu desde abril/maio deste ano, ilustra o poder da solidariedade, doação e mesmo imaginação.
O país inteiro assiste a tudo isso. E aprende.