A onça-pintada, um dos animais que mais frequentam o nosso folclore e aparece em muitas de nossas expressões populares – lembre-se o popular “amigo da onça”, equivalente a amigo falso, fingido, ou a velha expressão “no tempo do (sic) onça”, foi reconhecida como símbolo brasileiro da conservação da biodiversidade pela Portaria N° 8, do Ministério do Meio Ambiente – MMA, de 16 de outubro de 2018, que também instituiu o dia 29 de novembro como Dia Nacional da Onça-Pintada.
A onça-pintada, com suas várias designações, entre elas jaguar, onça-preta, jaguaretê, canguçu, recebe com esse reconhecimento pela referida Portaria uma espécie de “comenda” dada a animais, o que não a livra de ser um dos que estão na lista dos ameaçados de extinção, sobretudo na Mata Atlântica e na caatinga. Por isso não é motivo de muito entusiasmo a verificação de que vivem no Pantanal perto de 20 mil onças-pintadas, o maior número existente no mundo.
Esse belo animal, que chega a atingir até 1,80 m de comprimento (incluindo a cauda) e 85 cm de altura, e que nomeia um bom número de rios, ilhas, cachoeiras e até algumas de nossas cidades, como é o caso de Onça de Pitangui, no Pará, por motivo dos que menosprezam a importância crescente da biodiversidade, continua desde muito tempo vítima da caça ilegal, aumento de desmatamento e de queimadas que em diversas regiões têm diminuído seu habitat natural.
A onça-pintada enriquece nosso folclore e nossa literatura, dando a esta uma cor tipicamente brasileira. Com tal matéria, seria possível organizar-se uma “antologia da onça”, bem volumosa.
Nela, com certeza, apareceriam estes versos publicados em Fortaleza (Ceará), em 2013, criados por Augusto de Campos, lembrando o evento Semana da Criança na Poesia Brasileira.
Transcrevemos uma parte:
“A onça era sonsa/ sonsa de nascença/ chegava de manso / sem pedir licença.
Jabuti, teiú/ tucano, tatu/ macaco, sagui/ preguiça, preá/ cutia, quati/ não tinham descanso.
(…) Mas uma criança/chamou a responsa /criou uma dança/ a dança da onça:
Criança, crionça
Criança, crionça. (…)
Fim da história: a onça dispensou a comilança e “hoje só pensa em dançar a dança” (…)