EDITORIAL

Tema: Editorial

31 de março de 2024

Atualmente, o nosso país enfrenta um quadro extremamente preocupante devido ao incremento do número de pessoas com dengue. Já foram confirmados mais de 2 milhões de casos e, infelizmente, mais de 800 indivíduos  perderam a vida em razão dessa doença. Além disso, estão em curso investigações sobre as causas de outros inúmeros óbitos, na possibilidade de haver uma relação com essa doença. 

Como já é de conhecimento, uma das principais formas de enfrentamento da dengue é a eliminação dos focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti, especialmente em ambientes domésticos, que respondem pela maior incidência de criadouros, como águas paradas em vasos, calhas, entre outros locais passíveis de contaminação, ou seja, situações que dependem de uma mudança de comportamento da população e de um esforço coletivo de conscientização. Contudo, o quadro atual de explosão do número de casos pode estar relacionado também com as condições extremas de temperatura ocasionadas pelo fenômeno recente do El Niño e as mudanças climáticas, como apontam alguns especialistas, além da circulação de outros sorotipos da doença. 

A par da verificação de  que a existência de uma vacina seja um fato positivo na direção de um maior controle da doença e um caminho para a redução do número de vítimas fatais, ainda assim não constitui uma solução definitiva, considerando que há outros fatores de risco que continuam a exigir, sobretudo dos gestores públicos, um conjunto de ações para pôr fim a situações que contribuem para a disseminação de diversas doenças, entre as quais a dengue, zika e chikungunya, todas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Entre essas ações são relevantes  melhorias no saneamento básico, na disposição dos resíduos urbanos, como o lixo, bem como o uso de novas tecnologias e processos contínuos de educação da população. Mudanças legais também se fazem necessárias, tendo em vista o impedimento para a entrada de fiscais em domicílios fechados com focos sem a autorização do sistema judiciário.

Por que abordar um tema tão preocupante neste dia de Páscoa, um momento de celebração? Justamente pelo sentido que este dia nos propicia, independentemente do credo das pessoas ou mesmo a não crença religiosa. A Páscoa é um momento de renovação, reflexão e solidariedade, valores que devem ser lembrados em meio a qualquer situação, inclusive nas mais desafiadoras, como esta em que o nosso país está enfrentando. Assim, é  uma oportunidade para nos conectarmos com nossa essência humana e compartilharmos amor e compaixão com o próximo. Mesmo diante de adversidades, a esperança e a fé no potencial humano são pilares essenciais para enfrentarmos juntos os desafios que se apresentam.

Rogamos sempre para que o sentido da renovação, ou ressurreição, esteja entre nós e que possa iluminar especialmente os pensamentos e condutas das lideranças globais para que a paz e a solidariedade entre os povos prevaleçam. Ainda ansiamos para que cessem as agressões à nossa Mãe Terra e que tenhamos um mundo mais humano, mais saudável e justo para todos.

Feliz Páscoa!!!

    Édis Milaré

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