Por Edgard Tamer Milaré
Os ensaios que sugerem uma parceria entre esses dois blocos representam vasto tema para contínuas reuniões entre eles, numa situação que se arrasta há mais de duas décadas. Contudo, vem ganhando relevo nos últimos tempos um ambicioso projeto que pretende viabilizar o engajamento das partes para reforçar seus pilares econômicos, apesar das barreiras ambientais impostas pelo bloco europeu, que impactam os países do Mercosul – em peculiar o Brasil, que tem se destacado no cenário mundial como um dos maiores produtores e exportadores de commodities agrícolas e desempenha um papel importante na segurança alimentar.
Não é segredo que o aquecimento global desperta o temor da comunidade internacional e que os europeus estão profundamente incomodados com o desmatamento da floresta amazônica, como se não fosse esta uma preocupação também dos brasileiros. Contudo, dados recentemente divulgados do INPE (Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais) demonstram melhorias na proteção do bioma, considerando que a “área sob alertas de desmatamento na Amazônia caiu 33,6% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior”, chegando a “41% na comparação com o mesmo mês de 2022”, ao passo que dados referentes ao Cerrado apontam que devemos nos empenhar mais fortemente na proteção deste outro bioma.
Assim, um regramento unilateral – que por certo afetará qualquer nação do Mercosul que não se enquadrar às exigências e ao mesmo tempo demonstra claramente que, por trás das questões ambientais, reside um movimento protecionista por parte dos europeus – também atrasa possíveis avanços para que uma negociação entre as partes se estabeleça com brevidade e promova uma integração das cadeias globais de valor com foco em uma economia verde.
Em que pese a sinalização de que teremos avanços ainda neste ano, considerando que o Mercosul pretende apresentar contraproposta às exigências feitas pelos europeus, nos parece que ainda teremos um intenso trabalho diplomático pela frente, haja vista que o Uruguai, um dos integrantes do Mercosul, tem se aproximado da China e já fez alguns movimentos que sinalizam sua intenção de deixar o bloco.
A par das dificuldades que ainda se apresentam para uma formalização de interesses entre os dois blocos, uma provável união entre as regiões representa uma oportunidade única para fortalecer laços e estabelecer uma base sólida para futuros acordos multilaterais de comércio.