Continuando os nossos esforços em conhecer e divulgar as riquezas do Pará, que sediará em 2025 a COP 30, destacamos hoje uma iguaria típica da gastronomia local, que passou a ser conhecido por meio da música.
Conforme indicam pesquisas recentes, tacacá, a não ser para os habitantes do Pará e região amazônica, foi e é para muita gente algo absolutamente desconhecido. Seria um instrumentos de música popular?, é a primeira indagação. No entanto, no Pará, na região amazônica, faz parte da cultura local e destaca-se entre o açaí, vatapá paraense, mojica de aviú, a maniçoba, que frequenta a mesa de todos os habitantes da região, tendo na gastronomia local até fumos de iguaria aristocrática.
A presença do tacacá no Pará é muito antiga. É muito raro algo de nossa gastronomia ter algum registro no tempo, comentando seu possível surgimento, como se dá com o tacacá.
Segundo o historiador e folclorista Câmara Cascudo, o tacacá é provavelmente derivado de um outro caldo indígena, chamado mani poi. Esse caldo é descrito pelo missionário Claude D’Abdedville, que conviveu com a população indígena no século XVII. Breve, mas informativo.
Vale situar o tacacá na gastronomia e na cultura do Pará, pois o que neste Estado se degusta é parte da face que distingue o país em sua brasilidade, pondo para isso o indígena em lugar de merecido destaque. Este, com suas comidas típicas, colore de verde e amarelo o Pará e, por que não?, todo o Brasil.
Se o pato no tucupi é o prato típico mais conhecido do Pará, que homenageia reis e imperadores, amigos íntimos e visitantes ilustres e nas festas do Círio atinge sua maior importância quando toda Belém celebra os milagres de Nossa Senhora do Nazaré (recorremos às observações de Caloca Fernandes, no seu precioso livro “Viagem gastronômica através do Brasil”), o tacacá afinal tem se mostrado no país todo, como a dizer “eu também sou Pará!”. O tacacá, nos últimos anos, saiu do restrito consumo em que se mantém, por exemplo, a maniçoba, que está para o paraense como a feijoada para os cariocas, paulistas e alguns outros habitantes das regiões leste e sul do país. É o Pará, com sua cultura, que se faz conhecer.
Mas Pará, tacacá, música popular, que têm entre si?
Que tem a ver a música popular com o tacacá? Ou, antes, como o nome Pará já se espraiou, há mais 50 anos, pelo país todo, levando, com um sucesso musical, esse Estado ao cantarolar do povo?
Quase certo que os que já se acham na “terceira mocidade” se lembram de um dos sucessos de Dorival Caymmi, com este começo: “Tomei o Ita no Norte/ pra vir no Rio morar ,/ adeus, meu pai, minha mãe, /adeus Belém do Pará!” Com a contagiante melodia de Dorival, o Pará entrou em muitos corações, não só de paraenses, por muitos meses.
Em 2016 Joelma lança “Voando pro Pará”.
Desse sucesso, este trechinho: “Eu vou tomar um tacacá/, dançar, curtir ficar de boa,/ pois quando chego no Pará/ me sinto bem”.
Deveu-se à grande divulgação dessa música o interesse generalizado do público sobre o tacacá, aumentando a procura do prato e tornando a iguaria mais pesquisada no Google em 2023 no Brasil. O fenômeno foi chamado na mídia de “Efeito Joelma”.