Uma “comenda” para a onça

31 de outubro de 2023

A onça-pintada, um dos animais que mais frequentam o nosso folclore e aparece em muitas de nossas expressões populares – lembre-se o popular “amigo da onça”, equivalente a amigo falso, fingido, ou a velha expressão  “no tempo do (sic) onça”, foi reconhecida  como símbolo brasileiro da conservação da biodiversidade pela Portaria N° 8, do Ministério do Meio Ambiente – MMA, de 16 de outubro de 2018, que também instituiu o dia 29 de novembro como Dia Nacional da Onça-Pintada.

A onça-pintada, com suas várias designações,  entre elas jaguar, onça-preta, jaguaretê, canguçu, recebe com esse reconhecimento pela referida Portaria uma espécie de “comenda” dada a animais, o que não a livra de ser um dos que estão na lista dos ameaçados de extinção, sobretudo na Mata Atlântica e na caatinga. Por isso não é motivo de muito entusiasmo a verificação de que vivem no Pantanal perto de 20 mil onças-pintadas, o maior número existente no mundo.  

Esse belo animal, que chega a atingir até 1,80 m de comprimento (incluindo a cauda) e 85 cm de altura,  e que nomeia um bom número de rios, ilhas, cachoeiras e até algumas de nossas cidades, como é o caso de Onça de Pitangui, no Pará, por motivo dos que menosprezam a importância crescente  da biodiversidade, continua desde muito tempo vítima da caça ilegal, aumento de desmatamento  e de queimadas que em diversas regiões têm diminuído seu habitat natural.

A onça-pintada  enriquece nosso folclore e nossa literatura, dando a esta uma cor tipicamente brasileira. Com tal matéria, seria  possível organizar-se uma “antologia da onça”, bem volumosa.

Nela, com certeza,  apareceriam estes versos  publicados em Fortaleza (Ceará), em 2013, criados por Augusto de  Campos, lembrando o evento Semana da Criança na Poesia Brasileira.

Transcrevemos uma parte:

“A onça  era sonsa/ sonsa de nascença/ chegava de manso / sem pedir licença.

Jabuti, teiú/ tucano, tatu/ macaco, sagui/ preguiça, preá/ cutia, quati/ não tinham descanso.

(…) Mas uma criança/chamou a responsa /criou uma dança/ a dança da onça:

Criança, crionça

Criança, crionça. (…)

Fim da história: a onça dispensou a comilança e “hoje só pensa em dançar a dança” (…)

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