Comentários ao Relatório Planeta Vivo 2022, publicado pela organização WWF – Fundo Mundial para a Natureza

31 de outubro de 2022

Da Redação

A cada dois anos, a organização internacional de conservação WWF – Fundo Mundial para a Natureza torna público o Relatório Planeta Vivo (Living Planet Report), que apresenta um diagnóstico da conservação da biodiversidade ao redor do mundo e nos diferentes continentes. Nesta edição, a 14ª, divulgada no último dia 13 de outubro, foram revelados dados alarmantes sobre a perda da biodiversidade global, uma vez que as populações de vertebrados silvestres estudadas, como mamíferos, peixes, répteis, pássaros e anfíbios apresentaram uma redução média de 69% entre 1970 e 2018. Outros alertas também foram feitos no documento sobre as mudanças na biodiversidade das  populações monitoradas na América Latina e no Caribe, cujo declínio foi de 94%, em média; e as perdas registradas nas espécies de águas doces, que apresentaram diminuição média de 83% no período analisado (1970 a 2018).

De acordo com o Relatório, “a mudança da cobertura e uso do solo continua a ser a maior ameaça atual para a natureza, destruindo ou fragmentando os habitats naturais de muitas espécies vegetais e animais terrestres, de água doce e marinhos”. Contudo, o documento enfatiza que as alterações climáticas poderão se tornar a causa principal da perda da biodiversidade nas próximas décadas se não houver a limitação do aquecimento global a 1,5° C, índice que vem sendo apontado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC. Outros riscos à biodiversidade também foram destacados no documento, como a caça, a exploração de madeira, a poluição e as espécies invasoras.

A nova edição do Relatório, realizada em parceria com o Instituto de Zoologia ZSL (Sociedade Zoológica de Londres), é considerada a mais abrangente de todas até agora pelo fato de ter incluídas quase 32 mil populações de 5.230 espécies, 11 mil novas em relação ao de 2020. Das 838 novas espécies acrescentadas, 575 são do Brasil.

No que tange ao Brasil, cuja participação no documento se deu com a colaboração do WWF-Brasil e da Universidade de São Paulo, que pesquisaram em periódicos e relatórios de impacto ambiental em português, os dados mostram perdas de biodiversidade significativas nas espécies de botos amazônicos, onças-pintadas, corais e tatus-bolas. No caso dos botos cor-de-rosa, o estudo identificou uma redução de 65% entre 1994 e 2016 na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Estado do Amazonas, cujas causas estão associadas à contaminação por mercúrio, ocasionada pelo garimpo ilegal, e a captura não intencional em redes, com “ataques em represália pela danificação de equipamentos de pesca e pela captura para o uso como isca na pesca da Piracatinga.”

Apesar do Relatório apresentar uma mensagem clara sobre o declínio da biodiversidade, de que “as luzes vermelhas estão piscando”, Marco Lambertini, Diretor Geral do WWF Internacional, reforça que há caminhos para reverter esse quadro. Para ele, […] “Precisamos da natureza positiva até 2030 – o que, em termos simples, significa mais natureza até o final desta década do que no seu início. Mais florestas naturais, mais peixes nos sistemas oceânicos e fluviais, mais polinizadores em nossas terras agrícolas, mais biodiversidade em todo o mundo.” Ainda aponta a oportunidade única para os líderes mundiais com a realização da 15ª conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP15) em Montreal, Canadá, para abraçarem “uma missão positiva para a natureza”.

Fontes consultadas

https://wwfbr.awsassets.panda.org/downloads/lpr_2022_full_report_portugues_caderno.pdf

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/10/12/wwf-perda-de-biodiversidade-alarmante-e-acende-cdigo-vermelho-para-a-humanidade.ghtml

https://www.ihu.unisinos.br/623087-relatorio-planeta-vivo-2022-e-o-declinio-da-biodiversidade-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves

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