Outubro: expectativa para a divulgação da Segunda Parte da Encíclica Laudato Si 

30 de setembro de 2023

No dia 21 de agosto, o Papa Francisco, sempre preocupado com as questões que,  sobretudo nos últimos anos, têm perturbado de uma maneira muito incomum o bem-estar e a tranquilidade do homem neste nosso planeta, anunciou no Vaticano, em uma audiência com advogados de países membros do Conselho da Europa, que está preparando a segunda parte da Laudato Si (Louvado sejas), carta encíclica dedicada às questões ambientais, que tem como subtítulo “Sobre o cuidado da casa comum.”

Sem dúvida, o Sumo Pontífice tem em vista que em tempo algum, como agora, se torna urgente deter-se, examinando com profundidade, o conteúdo dessa nova publicação, cujo objetivo será  aprofundar ainda mais os temas tratados  na primeira parte, trazendo reflexões e propostas concretas para lidar com os desafios ambientais, cujos efeitos, muito inquietantes, já se mostram em todos os continentes. 

Vale lembrar que as encíclicas papais no passado (a primeira foi escrita pelo papa Bento XIV em 1740) tiveram enorme e continuado impacto no pensamento social e religioso em todas as nações do Ocidente. Basta lembrar a Rerum Novarum (Das Coisas Novas), do papa Leão XIII, que, publicada em 1891, continua a ter indelével influência nas relações de justiça entre patrões e trabalhadores.

Nunca é demais lembrar didaticamente o sentido de uma encíclica papal, que é, em resumo: carta solene, dogmática ou doutrinária  dirigida pelo papa ao clero do mundo católico ou somente aos bispos de uma mesma nação.  

No caso presente, a mensagem de Laudato Si aponta para  maior alcance, tendo como finalidade pastoral falar à consciência de todos: leigos e congregações religiosas católicas, pessoas que vivem de acordo com os ditames de outras denominações religiosas e, em um mundo visivelmente dessacralizado, os ateus.

É grande a expectativa em torno desse documento. Aguarda-se que ele sublinhe mais veementemente a necessidade de uma verdadeira transformação das políticas públicas em âmbito global, para que haja uma transformação ecológica e para que o mundo ampare as vítimas da “injustiça ambiental e climática, esforçando-se para que se concretizem ações que garantam a proteção e a melhor qualidade de vida para todos’’. 

A divulgação deste aguardado documento está prevista para ocorrer no dia 4 de outubro, Dia de São Francisco, um dos santos mais populares da Igreja católica e venerado  como o protetor do meio ambiente e defensor dos animais.

Com essa decisão, o Papa Francisco busca fortalecer sua mensagem de amor e respeito pela natureza, inspirando fiéis e líderes globais a agir em prol da nossa casa comum. 

Na Carta Encíclica Laudato Sì, como aponta o nosso sócio Édis Milaré, na citação de alguns trechos na 12ª. edição da sua obra Direito do Ambiente, o pontífice, desde logo, recorda o equívoco antropocêntrico do homem referente à Terra: “Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la”.  Destaca ainda que, assim como seu antecessor Paulo VI, em sua encíclica Pax in Terris (Paz na Terra), de 1963, Francisco adverte que a “problemática ecológica pode ser considerada como crise, “consequência dramática da atividade descontrolada do ser humano” que, ao explorar irracionalmente a natureza, corre o risco de a destruir – e ele próprio virá a ser vítima dessa degradação. Apresenta-se dramaticamente o risco de uma “catástrofe ecológica” sob o efeito da explosão da civilização industrial. Isso porque “os progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento econômico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem.”

Fontes consultadas: https://laudatosimovement.org/pt/news/o-melhor-resumo-da-laudato-si/

MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 12ª. ed. São Paulo:Thomson Reuters/Revista dos Tribunais, 2020. p. 218-9.

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