O serviço climático Copernicus, da União Europeia, anunciou recentemente um marco importante: pela primeira vez, foram registradas temperaturas que excederam, ao longo de um ano, o limite de 1,5°C acima da temperatura média pré-industrial. O período de fevereiro de 2023 a janeiro de 2024 apresentou um aumento de 1,52°C nas temperaturas, de acordo com dados do Copernicus. Esse aumento (embora não represente um descumprimento do Acordo de Paris, que envolve horizontes de tempo mais longos, de 20 a 30 anos) destaca a urgência de enfrentar as mudanças climáticas e reduzir as emissões de carbono.
A gravidade da situação se reflete nas devastadoras inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais testemunhados em todo o mundo no período em questão. Esses eventos climáticos extremos sinalizam uma tendência preocupante e são uma indicação do panorama que o mundo poderá enfrentar se as temperaturas continuarem em ascensão.
A escalada das temperaturas pode ser atribuída predominantemente a atividades humanas emissoras de gases do efeito estufa – em especial a queima de combustíveis fósseis. Em 2023, as mudanças antropogênicas tiveram a contribuição do fenômeno climático El Niño, que exacerbou a situação. Mas, desconsiderados os efeitos desse fenômeno natural, os dados apontam para uma trajetória de aquecimento contínuo, com implicações significativas para o meio ambiente e a sociedade.
A marca inédita destaca a necessidade de ações imediatas e coordenadas para mitigar as mudanças climáticas, entre elas a transição para fontes de energia renovável e a adoção de estratégias de redução de carbono e de práticas sustentáveis em todos os setores. Embora tenham ocorrido avanços em algumas áreas, como a proliferação de tecnologias verdes, alcançar emissões líquidas de carbono zero permanece sendo um objetivo crítico.
Para evitar que a situação vista no decorrer do ano que se passou se repita e se torne um novo normal, é crucial tomar, imediatamente, medidas para evitar danos irreversíveis e garantir um futuro sustentável para as gerações vindouras. A esperança jaz com a capacidade coletiva das sociedades de enfrentar as mudanças climáticas, reconhecendo e aceitando as recomendações da ciência e caminhando em direção a um futuro com emissões de carbono reduzidas e meios de produção e modos de consumo mais sustentáveis.
Referências:
https://climate.copernicus.eu/warmest-january-record-12-month-average-over-15degc-above-preindustrial#:~:text=Samantha%20Burgess%2C%20Deputy%20Director%20of,C%20above%20the%20pre%2Dindustrial
https://www.bbc.com/news/science-environment-68110310