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Milaré

EDITORIAL

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Seria uma incongruência da minha parte se deixasse de abordar, nas linhas iniciais do presente editorial, a questão alarmante das ondas de calor que atingiram nosso país na última semana. Tendo em vista que foram registradas temperaturas que se aproximaram dos 40 graus ou até ultrapassaram esse índice em algumas regiões, o inverno de 2023 pode ser considerado um dos períodos mais quentes de nossa história recente. Embora as ondas de calor não representem fenômenos inéditos, e este evento, em particular, seja atribuído também aos efeitos do El Niño, conforme evidenciado pelos meteorologistas, é possível conjecturar que as mudanças climáticas também podem estar agindo como potencializadoras desses episódios.

Em diversos contextos sociais que frequento, vem se tornando corriqueira  a escuta de relatos de inquietação e alertas acerca do crescente desconforto causado por temperaturas elevadas. Entre aqueles que residem em localidades carentes de áreas verdes, tal como a nossa metrópole, esta percepção é particularmente mais intensa. Nesse sentido, é, portanto, urgente que os gestores públicos promovam cada vez mais investirmos em infraestrutura verde, nas soluções baseadas na natureza – SBn,  para dotar o meio urbano de mais áreas verdes, mais árvores, tetos verdes, entre outras soluções que possam promover conforto térmico e melhorar a qualidade de vida de todos nós.

Como sabemos, ou deveríamos saber, as mudanças climáticas já são uma realidade e vêm transformando as nossas vidas, gerando situações adversas, com impactos significativos na saúde, no bem-estar social e resultando, em casos mais extremos, na perda irreparável de inúmeras vidas. Não apenas são necessárias ações para mitigar seus efeitos, promover a aceleração para uma economia de baixo carbono, modificar padrões de consumo, ampliar investimentos em energias limpas, entre outras, mas, sobretudo, são fundamentais iniciativas de adaptação, com a elaboração e implementação dos planos de adaptação às mudanças climáticas, enfatizando, nesse ponto, a necessidade de preparação dos cidadãos para os eventos que se avizinham, e que possam reduzir as situações de vulnerabilidades e a incidência de tragédias que têm ocorrido nos últimos tempos, incluindo no Brasil, como os recentes episódios no Rio Grande do Sul, pelo qual manifesto minha mais profunda solidariedade ao povo gaúcho, especialmente às famílias atingidas pelos tristes acontecimentos.

Importante sublinhar também iniciativas positivas que ocorreram no mês de setembro que colocam a pauta ambiental em ascensão, com repercussões não apenas em nosso território, mas também no contexto internacional, como correção das nossas metas climáticas e a emissão de títulos verdes no mercado internacional.

Nesta semana, participei, de modo virtual, do evento “Cenário Atual da Advocacia Ambiental e Urbanística”, promovido pelo Departamento de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados do Paraná – IAP, no qual tive a oportunidade de ressaltar a importância da advocacia ambiental, não apenas na defesa técnico-jurídica dos clientes, mas no exercício de trabalho pedagógico para que as melhores práticas ambientais sejam adotadas em qualquer circunstância. 

Que tenhamos uma Primavera de notícias alvissareiras….

Édis Milaré

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